Aguinaldo Antunes, de 29 anos, busca oportunidade em Rio Claro (SP). Operador de máquinas, ele perdeu o emprego há 6 meses devido à crise.
O desempregado de Rio Claro (SP) que oferece uma recompensa no valor de R$ 300 por uma vaga de trabalho disse que, desde o caso dele foi divulgado pelo G1, ele tem sido procurado por muitas pessoas. “O celular não para de tocar, é gente de toda a região oferecendo ajuda”, contou Aguinaldo Antunes, de 29 anos, que perdeu o emprego como operador de máquina há seis meses.

Na terça-feira (11), ele participou com outros quatro candidatos de uma entrevista de emprego em uma empresa química da cidade. “Gostei da oportunidade, o salário oferecido é bom e, assim como os demais candidatos, achei que fui bem na entrevista. Ficaram de ligar até quinta-feira (13), espero conseguir a vaga”, disse.
Antunes, que foi demitido devido ao corte de gastos da empresa, relatou ter recebido ligações e mensagens pelo WhatsApp de pessoas de cidades da região, como São Carlos e Limeira, e também da capital paulista, de Mato Grosso e Caxias do Sul.

Mineiro de Monte Azul (MG) e morador no Jardim Progresso há dois anos, Antunes contou estar surpreso com a repercussão do caso e com os gestos de solidariedade. Na terça-feira, uma construtora fez contato e pediu para levar um currículo nesta quarta-feira (12). Outras duas empresas da cidade e uma cerâmica da vizinha Santa Gertrudes fizeram o mesmo.
Antunes colocou um anúncio inusitado no portão de casa: “Pago R$ 300 para quem me arrumar uma vaga em uma cerâmica”. O valor cai para R$ 200 caso a vaga seja em outra atividade.

“Foi um ato de desespero porque preciso sobreviver e pagar o meu aluguel. Ofereci esse valor porque sei que tem muita gente precisando de dinheiro, então achei que alguém poderia ajudar por meio de contatos”, disse o desemprego.
Com o dinheiro da recisão do último emprego, ele investiu cerca de R$ 3,5 mil em uma máquina de assar frangos. O mineiro contou que comprava, em média, 30 frangos no mercado por cerca de R$ 14 cada um, temperava e os vendia por R$ 24 aos domingos na máquina instalada em frente a uma padaria no bairro. Em um bom dia ele conseguia lucrar até R$ 720, mas com a crise as vendas caíram.

Para juntar uns trocados, ele também passou a produzir e estampar camisetas, já que tem duas máquinas de costura. Comprava o pano por R$ 24 o quilo e conseguia montar até três peças, que vendia por cerca de R$ 20 cada. “Mas o investimento é alto, é preciso ter o material de estampa, como a tinta e a tela, e também não estava tendo saída. O jeito foi parar”.
Antunes contou que mora em uma casa de dois cômodos em um quintal onde cria dois cães. Paga R$ 400 de aluguel, R$ 120 de energia elétrica e cerca de R$ 35 de água. Atualmente, conta com a ajuda do irmão de 27 anos, que trabalha como carregador, para ajudar a pagar as contas.
Fabio Rodrigues
Do G1 São Carlos e Araraquara